sábado, 11 de outubro de 2014

Elaboração de conceitos sobre criação e criatividade - Dani Del Sole



Elaboração de conceitos sobre criação e criatividade

            Os conceitos de criatividade transformaram-se com o passar da história, e suas  permanências revelam-se ao descobrirmos que este é um conceito em construção, tendo sido perpassado por diferentes sentidos, ao longo do tempo, mas que, conforme a práxis, se reconstrói em ciclos praticamente infinitos.
            Tratar a criatividade como algo nato à alguns, que possa gerar a desigualdade entre as pessoas esteve entre os primeiros equívocos que geraram questões iniciais: "A capacidade de criar é uma rara qualidade humana?  É um privilégio de alguns poucos? A criatividade só acontece nas Artes?
            Para desmistificar tais questões, verifica-se que, conforme a linguagem artística, transformam-se as características essenciais da criação, o que faria com que a própria ideia de criatividade também variasse, dependendo da linguagem (se é visual, se é auditiva ou corporal). Além disso, a obra, ao ser contemplada, depende da interpretação do receptor. Sendo assim, um dos conceitos possíveis para criação seria a "ação humana de conceber, de inventar, gerar, de dar existência ao que não existe, ou de dar nova forma, novo uso a alguma coisa ou, ainda, de aperfeiçoar coisas já existentes." (HOUAISS, 2005) Decorre daí que a criatividade não é um privilégio das Artes, portanto, é possível ser desenvolvida entre todos que, na busca por solucionar problemas cotidianos, busquem estratégias de superação. Assim, o potencial criativo seria intrínseco ao ser humano. De acordo com o dicionário, pode-se entender criação como "produção artesanal, artística e/ou intelectual; tudo aquilo que é fruto do trabalho e do talento humano", ou "produção intelectual, elaboração de trabalho científico, geralmente com fins práticos" (HOUAISS, 2005).
            Criatividade, se entendida como "inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo etc." (HOUAISS, 2005), é uma ideia que permeia toda a história da humanidade, com exemplos incríveis da produção do conhecimento humano. E dessa constatação, pode-se perceber que o potencial criativo humano varia conforme as heranças culturais de um povo, de acordo com as tradições e as inovações, sendo possível que tanto gêneros musicais, compositores, ouvintes e intérpretes, quanto pensadores, sejam, ao mesmo tempo, influenciados e influenciadores, sendo a construção social do fenômeno da criação, algo que não se dá do nada, como uma mágica, e sim, algo que deve-se ao estudo, à busca, à mistura, à contrariedade ou aceitação, ora das inovações, ora das tradições, envoltas pelo laço de um domínio cultural, caso ele gere o sentimento de pertença aos participantes de determinado grupo social.
            O mundo contemporâneo têm sido palco de um enfraquecimento desse sentimento de pertença, pois com as tendências globalizadoras, inclusive dos gêneros culturais, ao serem adaptados ao mercado global. Um exemplo foi a axé- music, por que quando foi tratada por Paul Simon e Michael Jackson para ser exportada, ganhou outras roupagens, deixando de lado algumas das tradições originárias dos terreiros de candomblé, sendo "recaracterizadas" suas particularidades a ponto de que o regional atingisse o mundo, de maneira universalizada, tal como esse estilo reconheceu-se no Sudeste, sendo hostilizado por muitos, devido às transformações pelas quais o estilo passou para agradar a um público maior.
            O consumismo das artes e das ciências pode enfraquecer a produção cultural. Enquanto a criatividade poderia estar a serviço de toda a humanidade, parece que ela fica atrelada aos valores mercadológicos que se dão a ela. Pode ser que a criatividade não seja privilégio de alguns, mas é raro o artista que, com condições de garantir sua sobrevivência, fuja dos padrões musicais em suas "criações". Com isso, a criatividade passa a ser relativa à sociedade em que vivemos, estando interligada à ela, o que infalivelmente, varia no padrão das criações de um povo, resultando em muitos ritmos repetitivos, temáticas comuns, enquanto outras sequer são desvendadas. Pode dizer que há um universo para a criatividade, sendo possível que a genialidade tome conta do ser humano, mas em nosso cotidiano, ser criativo é nada contra a corrente, pois criativo é estar mais perto do humano humanizado e, o humano que se vende ao mercado, se desumaniza, se adapta às regras que exigem bem menos do que aquilo que cada um pode oferecer.

Um comentário:

  1. Thayná aparecida da silva nascimento santos
    N°44 1°M
    Os conceitos de criatividade transformaram-se com o passar da história.
    Tratar a criatividade como algo nato á alguns, isso pode gerar desigualdade entre as pessoas para desmistificar tais questões, conforme a linguagem artística, transformaram-se as características essenciais da criação, isso faria com que a criatividade também variasse dependendo da linguagem( se é visual, se é auditiva ou corporal).
    Criatividade, se entendida como "inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo etc".
    O mundo contemporâneo têm sido palco de um enfraquecimento desse sentimento da pertença, pois com as tendências globalizadoras, inclusive dos gêneros culturais, ao serem adaptados ao mercado global.
    O consumismo das artes e das ciências pode enfraquecer a produção cultural.

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